O ano de 2023 foi marcado por um cenário global bastante desafiador, haja vista a inflação acima das metas, a subida de juros pelos bancos centrais, a desaceleração econômica de alguns países e a expectativa de uma recessão forte nos Estados Unidos (que não veio). Foi, portanto, mais um ano marcado por muita volatilidade nos mercados. No entanto, o Brasil foi uma das exceções, já que surpreendeu positivamente ao terminar 2023 como um dos melhores mercados globais. As ações brasileiras se beneficiaram de um crescimento econômico acima das expectativas, de políticas econômicas melhores do que as projeções, do ciclo de afrouxamento monetário iniciado, da alta exposição a setores ligados a commodities e bancos, e, por fim, de múltiplos descontados em relação ao histórico.
No início do ano, o otimismo imperou sobre o mercado, em virtude da reabertura econômica da China. Entretanto, esse otimismo não se sustentou, pois os mercados foram afetados por uma série de dados, especialmente dos EUA, quais sejam: inflação persistentemente acima da meta, consumo forte e um mercado de trabalho apertado. Essa série de dados provocou a subida das taxas das Treasuries, que ainda foi seguida pela crise dos bancos regionais (ligada à má gestão dos balanços). Dessa forma, a narrativa de uma possível recessão passou a ser a principal preocupação de investidores globais, de modo que o pouso suave da economia americana estava descartado por ora.
Essa narrativa, por sua vez, também não se manteve por muito tempo, pois, no exterior, a temporada de resultados do 1º trimestre nos EUA se mostrou melhor do que o esperado. Desse modo, o sentimento dos mercados globais tornou-se otimista, pois a perspectiva de pouso suave voltou ao cenário.
A eventual recuperação que parecia estar se desenhando foi interrompida, mais uma vez, pelo aumento das taxas de juros globais, impulsionado especialmente pelas Treasuries americanas, além do desânimo dos investidores com a reabertura da China (diante dos dados fracos e indicadores sinalizando uma inflação mais persistente do que o esperado). Esses fatores combinados resultaram num sentimento global de aversão ao risco e ensejaram outra narrativa: a de taxas de juros maiores por mais tempo, concomitantemente a um aumento dos preços do petróleo.
No Brasil, os investidores voltaram a ficar preocupados com os riscos fiscais internos, em meio a discussões sobre potenciais mudanças na tributação das empresas e questionamentos sobre o atingimento da meta de déficit zero pelo governo.
Embora o conflito entre o Hamas e Israel tenha exacerbado a turbulência econômica até aquele momento desenhada, a partir de novembro observou-se uma recuperação significativa dos mercados. Isso se deveu à melhora considerável do cenário macro, constituído por uma economia global ainda resiliente, embora em desaceleração em meio a um processo de desinflação em curso. Como resultado, as taxas das Treasuries registraram uma queda acentuada. Os preços do petróleo também caíram depois de terem subido fortemente desde julho, com os investidores incertos quanto à capacidade da Opep em restringir a oferta. Os mercados, portanto, começaram a precificar cortes nas taxas de juros nos EUA já no primeiro trimestre de 2024, e a comunicação mais branda do Federal Reserve em sua última reunião do ano alimentou a narrativa de pouso suave mais uma vez, levando os mercados a subirem mais e os juros americanos a caírem mais (~-101bps). Por sua vez, o Ibovespa continuou a marcar novas máximas, superando os principais índices globais.
No acumulado do ano, o Ibovespa teve um retorno de 22,3%, dos quais 10,4% foram provenientes das principais ações do índice por valor de mercado (VALE3, PETR4, ITUB4, PETR3 e BBDC4), o que representa 46,7% do desempenho do índice no acumulado do ano. O melhor desempenho foi o da Petrobras, que, somando PETR4 e PETR3, representou +33,0% da performance do Ibovespa no acumulado do ano.
No que concerne à atividade econômica brasileira, o PIB (Produto Interno Bruto) do país cresceu 2,9% em 2023, apresentando uma leve desaceleração na comparação com 2022, quando a alta foi de 3%. Em valores nominais, a economia brasileira movimentou R$ 10,9 trilhões em 2023.
Em linha com o desempenho da economia brasileira, 2023 foi um ano muito proveitoso também para as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC). A Boticário Prev, em especial, apresentou retorno de 13,80% em 2023, superando a média de retorno de 127 EFPCs, que foi de 12,40%, conforme divulgado em relatório da Consultoria Aditus. A mediana nos Planos CD foi de 12,79%; nos Planos BD, foi de 12,10%; e de 12,06% nos Planos CV, configurando um ano com bom desempenho tanto na renda variável quanto na renda fixa. Cumpre ressaltar que o desempenho da Boticário Prev superou com folga a meta atuarial e o CDI, cerca de 157% e 106% desses índices, respectivamente.
Em 2024, a Boticário Prev continuará focada em entregar valor para seus participantes, atuando de forma ativa na gestão dos investimentos, no gerenciamento dos riscos e na manutenção de uma carteira diversificada e resiliente.
Demonstramos a seguir o desempenho dos investimentos da Boticário Prev, começando pelos retornos históricos do Plano e de cada um dos segmentos que compõem a carteira.
*O segmento imobiliário foi incluído a partir da substituição da Resol. CMN nº 3.792/2009 pela Resol. CMN nº 4.661/2018, por esse motivo, não possui base de dados anterior ao ano de 2018.
**A Boticário Prev iniciou as aplicações no segmento de investimento no exterior em setembro de 2020, por esse motivo, não possui base de dados anterior a esse período.
O Banco Central do Brasil (BCB) iniciou, em agosto de 2023, um novo ciclo de afrouxamento monetário. Esse processo de queda da taxa básica de juros veio cercado de muita expectativa, sobretudo porque sucedeu o maior ciclo de aperto monetário da história do regime de metas de inflação no Brasil, adotado em março de 1999. Desse modo, o BCB aplicou, ao longo de 2023, 4 cortes de 0,50%, trazendo a Selic de 13,75% para 11,75% ao ano, o nível mais baixo em cerca de 20 meses. Segundo autoridades do BCB, a política monetária brasileira conseguiu empreender um pouso suave, que é quando acontece um conjunto muito bem-sucedido de resultados: redução da inflação corrente, redução das expectativas de inflação e redução da taxa básica de juros com crescimento da atividade econômica e manutenção do emprego.
Em relação ao desempenho dos títulos de renda fixa, no geral, todos entregaram uma boa rentabilidade aos investidores, com destaque para os prefixados e os atrelados à inflação. Os primeiros se beneficiaram do corte de juros e da queda da inflação, e aqueles indexados à inflação, especificamente os de prazos mais longos, se recuperaram a partir de novembro, refletindo a melhora das expectativas para o cenário econômico. Após recuperação em novembro, papéis de inflação e prefixados de longo prazo avançaram novamente em dezembro e fecharam o ano com valorização expressiva. Desse modo, a Boticário Prev encontrou oportunidades de investir mais em títulos soberanos atrelados à inflação, com retorno esperado superior à meta atuarial.
Os ativos da carteira RF são segregados em três estratégias: pós-fixado inflação, pós-fixado DI e pré-fixado. No final de 2023, todos os ativos contribuíram positivamente para a carteira geral, sendo que os ativos atrelados à inflação representavam, aproximadamente, 73% da carteira de RF; os ativos indexados ao DI, cerca de 26%; e os pré-fixados, um pouco mais de 1% dos ativos de RF da carteira.
Para 2024, a expectativa é que os juros continuem caindo no mesmo ritmo que em 2023. Nesse contexto, os títulos prefixados e os atrelados ao IPCA+ ficam mais atraentes (estes últimos por meio das NTN-Bs ou de títulos de crédito privado). No caso específico dos prefixados, as suas taxas já incorporaram a queda de juros esperada pelo mercado, que deve chegar perto de 9% no fim do ano. Por isso, parece mais interessante comprar NTN-B do que LTN ou NTN-F.
Isto posto, a Renda Fixa continuará contribuindo para a performance da Boticário Prev e contemplará uma parcela maior dos novos investimentos, com exceção dos títulos prefixados.
Cumpre mencionar que o segmento de renda fixa encerrou 2023 com uma participação de 60,7% na carteira, e uma rentabilidade de 13,3%, o que representa, aproximadamente, 102% do CDI e 151% da Meta Atuarial no período.
O ano de 2023 foi positivo para o Ibovespa. O índice fechou o ano com alta de 22,28%, sendo que 80% dessa performance são oriundos dos meses de novembro e dezembro, momento em que as expectativas dos agentes de mercado se tornaram mais positivas, influenciadas, principalmente pelo cenário externo, após sinalização do FED de que os cortes nos juros americanos poderiam acontecer mais cedo do que as projeções de mercado. No Brasil, o ciclo de corte da taxa Selic iniciou no Copom de agosto, com um corte de 0,50 p.p. na taxa básica de juros. Certamente, isso também contribuiu para melhorar as expectativas para os ativos locais.
Vale destacar que o primeiro semestre de 2023 foi bastante desafiador para a bolsa brasileira, com destaque para o caso Americanas, que chacoalhou o mercado. Havia também muitas incertezas sobre as políticas econômica e fiscal do novo governo, o que gerou uma abertura dos juros no mercado de capitais e impactou negativamente a performance dos ativos de risco. O fluxo de movimentação para os fundos de ações, em boa parte do ano, foi negativo, o que se explica pela menor alocação em renda variável por parte dos gestores de fundos multimercados e pela migração dos investidores pessoas físicas para a renda fixa.
A expectativa para 2024 é pelo início do afrouxamento monetário nos EUA, enquanto o Banco Central do Brasil segue com cortes na taxa básica de juros. Esses são fatores importantes, com impactos positivos para a performance esperada da renda variável local.
O segmento de renda variável encerrou o ano com uma participação de 10,2% na carteira e uma rentabilidade de 24,3%, o que representa 109% do Ibovespa.
A carteira de Investimentos Estruturados da Boticário Prev, conforme regulamentação, é segregada em duas classes de fundos: (i) Fundos de Participações e (ii) Fundos Multimercados.
Os FIPs ou Private Equity, como são conhecidos os fundos de participações, realizam investimentos de longo prazo por meio da compra de participações em empresas ou de empreendimentos específicos, com forte presença na economia real. Todavia, esses investimentos, por sua característica de longo prazo, não possuem liquidez. Diante disso, o investidor precisa considerar a diversificação entre os diferentes momentos do ciclo econômico.
Já em relação aos fundos Multimercados, esses são tidos como ativos de proteção para a carteira da Boticário Prev, pois possuem a liberdade de operar nos mais diversos mercados, tais como ações, moedas, juros, Brasil, exterior, entre outros. Devido a essa particularidade, esses fundos tendem a reagir de forma mais rápida aos acontecimentos do mercado. Por esse motivo, a Boticário Prev procura manter uma participação relevante desses fundos em sua carteira.
O segmento Investimentos Estruturados encerrou 2023 com uma participação de 18,2% da carteira e uma rentabilidade de 4,5%, o que representa 50,9% da Meta Atuarial e 34,5% do CDI. O desempenho abaixo do CDI e da meta é justificado pela performance dos multimercados.
“Operações com Participantes” é o nome dado para os empréstimos entre a Boticário Prev e seus Participantes. Do ponto de vista do plano, esse é considerado um investimento porque os juros da operação remuneram a carteira e, consequentemente, as cotas de todos os participantes. A Boticário Prev tem por estratégia nessa operação oferecer taxas mais competitivas em relação àquelas dos bancos e do mercado em geral. Consequentemente, o produto acaba se tornando mais um dos benefícios oferecidos pela Boticário Prev aos seus participantes.
Em 2023, incluindo refinanciamentos, a Boticário Prev concedeu R$ 15,6 milhões em empréstimos, e houve redução do nível de inadimplência. O segmento de operações com participantes encerrou o ano com uma participação de 2,29% na carteira e uma rentabilidade de 22,1%, o que representa 251% da Meta Atuarial e 169% do CDI.
O segmento imobiliário foi instituído em 2018 com a alteração da legislação que regulamenta os investimentos dos fundos de pensão. Esse segmento é constituído por fundos imobiliários e certificados de recebíveis imobiliários (CRI).
O ano de 2023 de maneira geral foi positivo para os fundos imobiliários. Apesar das dificuldades enfrentadas no começo do ano, o IFIX (índice de fundos imobiliários) conseguiu bater a sua máxima histórica, alcançando 3.311 pontos. Dentre os fatores que influenciaram positivamente o ano, pode-se destacar o início do corte de juros no Brasil, o processo de reavaliação patrimonial, a melhora do cenário externo, especificamente na reta final do ano, e a diminuição das incertezas no âmbito fiscal brasileiro.
Diante do cenário econômico favorável para o setor, o segmento imobiliário encerrou 2023 com uma participação de 7,9% na carteira e uma rentabilidade de 16,53%, que representa 188% da Meta Atuarial e 127% do CDI.
Anualmente, a Boticário Prev realiza a revisão da Política de Investimentos — documento pelo qual se determinam a estrutura, as regras e as diretrizes da gestão de investimentos da entidade, elaborado em conformidade com a Resolução CMN nº 4.994/2022. Uma das exigências da resolução é a determinação dos limites de aplicação em cada segmento da carteira.
Na tabela abaixo, é possível observar os limites de aplicação definidos para o exercício de 2024:
41. 3375-1400
boticarioprev@grupoboticario.com.br
Seg a Sex
08h30 às 12h00
13h00 às 17h30